terça-feira, 19 de agosto de 2008

Há 40 anos! E hoje?


Já passavam das 15 horas. As apresentações já haviam sido feitas e com elas muitas lembranças que animavam a todos os que estavam presentes no templo da Igreja Presbiteriana. A primeira mesa-redonda, cujo título era “Há 40 anos! E hoje?”, foi parafraseada pelo organizador do debate, Marcos Bontempo, como “1968, o ano que não terminou”. Os participantes dessa mesa foram: Robinson Cavalcanti, Paul Freston e Alderi Souza de Matos.
Cavalcanti, o primeiro a falar, mostrou um estudo sobre a participação dos evangélicos no cenário político brasileiro. Vivia-se há 40 anos o fim de um paradigma: o protestantismo como sinônimo de democracia e progresso. No início dessas quatro décadas, a ideologia que se pregava era a de total alienação, ou seja, “crente não se mete em política”. Na teoria, esse era o discurso, mas na prática, muitos evangélicos já estavam inseridos em cargos políticos. Logo depois, apareceram movimentos que se engajaram em campanhas políticas com o slogan “irmão vota em irmão”. E hoje? Com a crise de ideologias nos partidos políticos, os evangélicos, quando se filiam, o fazem aos partidos menos nítidos, pois a atuação é marcada pelo individualismo e pela defesa do bem particular das igrejas e não pelo bem-comum da sociedade.
“Cenário dos evangélicos do Brasil: um país cada vez mais pentecostal” foi o tema que Freston abordou. É certo que o Brasil é cada vez mais pentecostal e menos católico. Em quase todos os países da América Latina, o pentecostalismo é a segunda maior religião, com maior adesão dos povos indígenas. Porém, mesmo com o crescimento que se tem hoje, estudiosos já prevêem a queda desse segmento religioso. Três são os fatores apontados para esse declínio: a crise da falta da prática religiosa, estagnação e apostasia. Em contrapartida, outros estudos indicam que o Brasil pode ser considerado a capital mundial do pentecostalismo. Qual é o futuro religioso do Brasil? Segundo o palestrante, isso dependerá de três fatores: o declínio continuado do catolicismo, o crescimento dos evangélicos e a não existência de uma terceira religião. Contudo, o Brasil nunca será um país de maioria evangélica, por causa dos escândalos, promessas não alcançadas por fiéis, líderes autoritários e líderes políticos envolvidos com a corrupção.
O pastor e professor Alderi destacou que nos dias de hoje a sociedade está cada vez mais descrente. Existem os descrentes absolutos, aqueles que não possuem nenhuma convicção religiosa, os descrentes no cristianismo, adeptos a outras religiões, e os descrentes práticos, aqueles que são crentes nominais. As causas da incredulidade seriam: a prosperidade sócio-econômica, a influência da mídia, a educação secundária e superior, a popularização das teorias científicas, as dificuldades e perplexidades existenciais e o mau exemplo das religiões e dos religiosos. Alguns desafios ficam para as igrejas evangélicas. Cabe a elas mostrar um evangelismo íntegro e bíblico, enfatizar a apologética e viver em coerência com a fé pregada.


Por Ariádine Morgan

Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário: